quinta-feira, 9 de julho de 2015


Mas quando as coisas acontecem, eu sei
Mas só quando as coisas acontecem...
Mas quando acontecem, será que eu sei
De todas as coisas que acontecem?
Passei o dia imaginando coisas
Mas essas coisas não acontecem...
Será que eu sei de tudo o que acontece?
E quanto às coisas que acontecem,
Será que eu quero saber dessas coisas?
Será que eu as imagino que acontecem

E só quero saber de outras coisas... que não acontecem?

domingo, 21 de junho de 2015

Psicolatra

Deita aqui, que eu vou lhe ensinar
Deita aqui, que eu vou lhe explicar
Deita aqui, que eu vou lhe contar
Você vai duvidar
Mas deita aqui, deita aqui
Não julgo sem notar
Mas deita aqui, seu coração
Não vai parar de bater
Não vai parar de bater
Não vai parar
De bater
Não vai parar
De bater
Não vai
Parar
De bater
Não vai
Bater
Não


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Paixão

Paixão, não sou seu banqueiro,
Tão longe hospedeiro
De breve emoção!

Desejo traiçoeiro:
Querer mundo inteiro
E ver vazar na mão!

Fui João, que amava Teresa,
Que amava Raimundo,
Que queria o mundo...

Mas paixão é assim:
Um dilema, um inferno,
Interno, em mim!

Num piscar, num segundo
Longe dessa quadrilha
Acabei numa ilha...

O meu nome é Raimundo!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

sábado, 12 de julho de 2014

Barata: Um mero ArtróPHode, com PH!

Muitas vezes, quando chego tarde em casa, costumo ir direto para a cozinha, acendo a luz e vou caçar alguma coisa na geladeira. Mal termino de tocar o interruptor, encontro uma, duas baratas fugindo da claridade que invade seus olhos sombrios.
Hoje foi diferente. Quando acendi a luz, avistei um blatídeo a poucos centímetros do meu pé, ali, paradinho, sem qualquer reação. Parecia que estava esperando meu pé esmagar seu pronoto, sem chance alguma de defesa, sem vontade de se esquivar, entregue ao desejo humano pela matança de um ser que simplesmente lhe dá nojo, seja porque é feio ou porque causa doença, predicados da maioria dos artrópodes.
Por algum tempo fiquei a observá-la. Somente suas antenas se mexiam. Segundos passando, antenas mexendo. Alguma força, alguma coisa me fazia resistir à tentação de pisoteá-la. No entanto meu pensamento cruel foi mais forte para erguer meu pé. Menos uma barata no mundo.
Nos milésimos finais da vida do inseto, fixei-me naqueles olhos esquisitos. Parecia haver sinal de piedade. Um pedido inútil pra mim, parte de um todo humano, por si só egocêntrico, em relação às outras espécies. Afinal, não somos superiores? Por que eu deixaria uma barata viver? Uma simples barata? Quanto tempo ela viveria sem a minha interrupção? Um ano? Mas um animal rejeitado não tem direito à vida!
Foi pensando nesse acontecimento que resolvi escrever, tentando narrar o que se passa na cabeça do ser humano. Está certo que elas transmitem doenças, contaminam alimentos, não nego! Mas um “blaticídio” por causarem enfermidades? Imagina então sairmos aí pelo mundo acabando com qualquer vetor de patógeno! E isso vale inclusive para a própria humanidade! Só no momento já me vieram diversos nomes de doenças e síndromes causadas por bactérias, fungos, vírus, que são transmitidos de nós para nós mesmos! Mas se o predicado é ‘causar doenças’, onde está a nossa superioridade em relação a elas? E ainda assim temos o direito de escolher o destino de uma mera barata?

Agora você me diz: “Não é assim que se deve pensar! As coisas são diferentes!”. Esse é o problema! “As coisas são diferentes” num contexto que era pra ser tudo igual! Os seres humanos pensam justamente no que não se deve pensar, elaboram discursos maravilhosos quando o assunto é unificar, mas excluem na prática, e sempre alguém vai sair perdendo com isso! Por isso, de qualquer forma, não pense, então! Aja! Mate a barata, por favor!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Eu: Meu bem, bem mal, meu mal


Eu, eu mesmo e ninguém
Não há quem convém
Pra me deixar down.
Meu bem, bem mal, meu mal!

Eu, eu mesmo e ninguém
Me torno refém
Do meu baixo astral.
Meu bem, bem mal, meu mal!

Eu, eu mesmo e ninguém
E nem mais além,

Meu próprio rival...

(Narciso Dellaguna)

sábado, 1 de março de 2014



Sonhos que sonhei, meu fevereiro!

O amor chegou-me de longe
Não sei bem de onde
Desconheço o lugar
Amor, que veio de longe,
Donde o sol se esconde,
Só pra me encontrar

Amor, não vá passageiro,
Fez-me prisioneiro
Seu jeito de olhar
Amor, que veio de longe
por que se esconde?
Ninguém vai notar!

Amor, não sei se é paixão,
Não sei se é ilusão
Quem vai me falar?
Amor, quando vem de longe
Traga do horizonte
Razão pra ficar

Vivo num grande embaraço
Eu passo e despasso
Quando vai me encarar?
Amor que eu sempre recordo
Eu olho e desolho
Desvio o olhar

Tão pouco é amizade
A felicidade
De ao seu lado estar
Tão pouco é serenidade
Imaturidade
De não me aproximar

Sonhos povoam meu mundo
E bem lá no fundo
Um deles guardei:
Passe logo janeiro
Chegue fevereiro
Sonhos que sonhei...