sábado, 12 de julho de 2014

Barata: Um mero ArtróPHode, com PH!

Muitas vezes, quando chego tarde em casa, costumo ir direto para a cozinha, acendo a luz e vou caçar alguma coisa na geladeira. Mal termino de tocar o interruptor, encontro uma, duas baratas fugindo da claridade que invade seus olhos sombrios.
Hoje foi diferente. Quando acendi a luz, avistei um blatídeo a poucos centímetros do meu pé, ali, paradinho, sem qualquer reação. Parecia que estava esperando meu pé esmagar seu pronoto, sem chance alguma de defesa, sem vontade de se esquivar, entregue ao desejo humano pela matança de um ser que simplesmente lhe dá nojo, seja porque é feio ou porque causa doença, predicados da maioria dos artrópodes.
Por algum tempo fiquei a observá-la. Somente suas antenas se mexiam. Segundos passando, antenas mexendo. Alguma força, alguma coisa me fazia resistir à tentação de pisoteá-la. No entanto meu pensamento cruel foi mais forte para erguer meu pé. Menos uma barata no mundo.
Nos milésimos finais da vida do inseto, fixei-me naqueles olhos esquisitos. Parecia haver sinal de piedade. Um pedido inútil pra mim, parte de um todo humano, por si só egocêntrico, em relação às outras espécies. Afinal, não somos superiores? Por que eu deixaria uma barata viver? Uma simples barata? Quanto tempo ela viveria sem a minha interrupção? Um ano? Mas um animal rejeitado não tem direito à vida!
Foi pensando nesse acontecimento que resolvi escrever, tentando narrar o que se passa na cabeça do ser humano. Está certo que elas transmitem doenças, contaminam alimentos, não nego! Mas um “blaticídio” por causarem enfermidades? Imagina então sairmos aí pelo mundo acabando com qualquer vetor de patógeno! E isso vale inclusive para a própria humanidade! Só no momento já me vieram diversos nomes de doenças e síndromes causadas por bactérias, fungos, vírus, que são transmitidos de nós para nós mesmos! Mas se o predicado é ‘causar doenças’, onde está a nossa superioridade em relação a elas? E ainda assim temos o direito de escolher o destino de uma mera barata?

Agora você me diz: “Não é assim que se deve pensar! As coisas são diferentes!”. Esse é o problema! “As coisas são diferentes” num contexto que era pra ser tudo igual! Os seres humanos pensam justamente no que não se deve pensar, elaboram discursos maravilhosos quando o assunto é unificar, mas excluem na prática, e sempre alguém vai sair perdendo com isso! Por isso, de qualquer forma, não pense, então! Aja! Mate a barata, por favor!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Eu: Meu bem, bem mal, meu mal


Eu, eu mesmo e ninguém
Não há quem convém
Pra me deixar down.
Meu bem, bem mal, meu mal!

Eu, eu mesmo e ninguém
Me torno refém
Do meu baixo astral.
Meu bem, bem mal, meu mal!

Eu, eu mesmo e ninguém
E nem mais além,

Meu próprio rival...

(Narciso Dellaguna)